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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Caco Artista Plástico da Ilha do Mel










LUIZ CARLOS GONÇALVES - CACO


"Era uma vez um homem cheio de sonhos.
Sonhos de amores, viagens e posses da mais variadas possíveis.
Falava ao mundo seus desejos.
Despejava em tudo o que ouvia, aos quatro ventos em seus insights mirabolantes.
Todos o ouviam, mas nem sempre com atenção.
E ele falava, e em sua volúpia, não percebia se entendiam ou não.
Até que um dia, nestes momentos de divagação total, sua voz lhe faltou.
Articulava os maxilares e nada.
Percebeu também que as idéias lhe sumiam.
Estava ficando vazio. Até perceber que não percebia, já não conseguia mais.
Não sabia se louco estava, pois não conseguia pensar.
Tudo o que via e ouvia era abstrato, não tinha a compreensão.
No começo andava meio que a esmo. Fazendo tudo automaticamente.
Um vazio, um zumbi, um não sei.
Caminhava na praia e tudo via, mas nada entendia. Pois não tinha a compreensão.
E a sua idéia não voltara mais. Muito menos a voz.
Uma não vive sem a outra.
As trilhas e caminhos lhe eram estranhas.
Antes tão conhecidos, hoje um mistério total.
Entrou pela mata fechada, a tropeçar em galhos, pisar em espinhos sem nada sentir.
Os amimais selvagens ou não fugiam dele. Parece que percebiam a sua irracionalidade.
Mas ele nem se dava conta de nada.
Afugentou jacarés, pisou em cobras, sem sofrer avarias. Sem se incomodar.
Talvez se sentisse mais um. Nada para saber, pois não tinha sentimento.
Olhava as aves na arvores, como se fossem folhas.
Sua visão também lhe faltava, pois não conseguia mais pensar em formas.
Fragmentos foram a bola da vez.
Não tinha e nem sentia culpa. Pois fora um acontecimento não premeditado.
E mesmo que fosse não saberia. Porque não se lembrava de nada.
Até os fragmentos que em um primeiro momento existiam, estavam sumindo.
Dando forma a um vazio. A não forma.
Rastejava com o corpo, pois desaprendera de andar.
Esquecera os movimentos.
Um dia depois de muito rastejar, estava ele a luz do sol sobre uma pedra, parado, inerte.
Olhando o vazio de tudo.
E o sol descia e lentamente se punha atrás das montanhas.
Logo abaixo desta pedra, o mar batia calmamente num eterno vai e vem.
Aquela pequena e bela praia com suas pedras laterais, falava mais que tudo no mundo.
Os bandos de chaúas aos pares retornavam a seus ninhos e levavam comida aos seus filhotes.
Os peixes pulavam na água sob o reflexo da luz solar, fugindo de um possível predador ou simplesmente brincando.
Os botos mais ao fundo, subiam para respirar, com uma aparente alegria ao cercar os cardumes.
A luz no crepúsculo encarnado davam todas as possibilidades de cores do universo.
As gaivotas em seu lindo e majestoso vôo, faziam pequenas manchas escuras no céu.
E ele com o olhar parado e vazio, nem percebeu que estava agora sentado na pedra.
O vazio que ficou, o fazia inteiro.
Não via, não ouvia, mas estava dentro.
Sua postura agora, talvez por um condicionamento do passado, era de lótus.
As idéias não lhe afligiam mais.
E dentro de si um novo ser se manifestou.
Foi tomando forma, não nascendo porque sempre existiu.
Suas mascaras todas agora jazem no mato, nas pedras, no mar.
Olhava para si mesmo feliz e agradecido pelo presente recebido.
Era o primeiro sinal de seu renascimento.
O som que ouviu, era celestial. O Om universal.
O corpo que lhe pertencia, tremia suavemente,, no estase de sua alegre percepção.
O Sol, sua fonte energética se despedia. E a sua fonte energética se despedia agradecida.
O eu total se manifestara magnificamente.
A voz lhe voltara ao cantar um mantra.
Achara o que sempre procurou.
O Eu superior estava manifesto.
E DEUS mais próximo do que nunca.
Ao voltar desta linda viagem, percebeu que não estava mais só.
A lucidez e a clareza das idéias estavam presentes.
As coisas estavam mais puras e límpidas. Pois a visão se clareou.
O belo, cada vez mais belo.
Não desceu da pedra, sem antes reverenciar o DEUS contido em tudo.
Virou as costas e seguiu pelo caminho. Pois agora já o conseguia definir.
O seu eu superior o dirigia, pois era e é, o seu eu verdadeiro.
E o seu caminho, é um caminho que só ele sabe." (Por Caco)


Um pouco da sua trajetória:

O artista e estudioso por Janis Regina

Pela dedicação à forma e à linha, faz com que objetos, pessoas, prédios arranha-céus, favelas, paisagens naturais sejam elementos fundamentais para suas obras, pois para ele além das cores preto e branco - elementos de composição para a estrutura do seu trabalho – a “idéia” a ser passada de questionamento e critica sobre a sociedade, também são fatores importantes para o artista.
Minucioso, detalhista, traz o caos para proeminência do imaginário do espectador, numa constante permuta entre ambos. Considera que com a maneira que dispõe os elementos no quadro faz com que o observador não só veja mas olhe, se aproximar significa para ele uma atenção especial aos detalhes e reflexão sobre o próprio contexto que a humanidade vive atualmente. Segundo TIBURI :
Quando chamo alguém para olhar algo espero dele uma atenção estética, demorada e contemplativa, enquanto ao esperar que alguém veja algo, a expectativa se dirige à visualização, ainda que curiosa, sem que se espere dele o aspecto contemplativo. Ver é reto, olhar é sinuoso. Ver é sintético, olhar é analítico. Ver é imediato, olhar é mediado. A imediaticidade do ver torna-o um evento objetivo. Vê-se um fantasma, mas não se olha um fantasma. Vemos televisão, enquanto olhamos uma paisagem, uma pintura. (TIBURI, Márcia. Artigo originalmente publicado pelo Jornal do Margs, edição 103)
O ato de ver é instantâneo, enquanto que o olhar exige um tempo para a contemplação e reflexão. Na correria diária o perceber se perde, devido à falta de tempo. A paisagem que nos cerca, seja natural ou urbana, é esquecida em meio à rotina. É necessário para contemplar os trabalhos do artista um olhar sinuoso e analítico, para entender o envolvimento dele com todo o processo de execução e para compreender seus questionamentos sobre a sociedade atual.
Caco trata seus trabalhos como fragmentos de expressão dele mesmo, “cacos do Caco”, como que os seus trabalhos fossem extensões dele, mas esmiuçados. Essas ramificações fazem aos observadores refletirem a existência do ser humano no meio natural e artificial criado por ele mesmo, ao alertar da desgraça da ação do homem contra a natureza, enfim a si mesmo, por si mesmo.
Esse imaginário do repertorio do artista aqui descrito, vem de uma bagagem construída ao longo de sua vivência que reflete diretamente em seus trabalhos, um homem que saiu de um centro urbano para viver em um meio natural, o qual está sendo modificado pelas ações dos seres que a freqüenta ou a reside, a Ilha do Mel, fonte inspiradora da sua pesquisa estética. Importante salientar que ele sempre se inclui nas suas criticas como membro de uma sociedade pertencente a um modelo sócio, político, cultural e econômico desse contexto atual.
Enfim, o estudioso da arte se expressa a sua maneira e como deseja, e assim o faz como capricho e amor pela arte. Como disse certa vez: “Quando converso me expresso, quando meu eu se expressa é com verso. E meus versos são com desenhos”.

SEUS DESENHOS









ARTE NA PRAIA
no fim de tarde me entranho na piçarra e arranho com a ponta da faca motivos de conceitos distantes começado nas cavernas e suas pinturas e eu traço na ponta do aço idéias sementes que me vem a mente de repente crescem e vão se encorpando e não me importa o resultado este estado Zennn me dá a compreenção como se transe fosse este estado deixo soluções pendentes e sigo em frente a resposta vem, quando estou em outro lado volto resoluto e resolvo o antes estorvo mais um passo andado no novo aprendisado a coisa toma volume e o lume dos vagalumes iluminam a mente em idéias completantes que se encaixam num quebra cabeças a procura de respostas de questões internas que só a mim cabe e a gente sabe q quando resolve um bem estar me envolve num breve tempo pois novas perguntas se incorporam a mente será que lá nas cavernas ao desenhar, já havia esta inquietação na mente dos desenhistas? sei não, acho que deles sou reencarnação... Caco 05/07/2010






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